quinta-feira, setembro 28, 2006

A formiga...

Noite fria...
Somente um raio de luz vindo de uma lua cheia lá fora ilumina uma sala nua e fria.
Com passos curtos e determinados, vou andando em busca de algo que nem eu própria sei o que é. Talvez uns grãozinhos do "ouro branco" que alguém tenha deixado na imensa planície vermelha que se encontra entre as grandes montanhas negras e quadradas nas quais os humanos teimam em sentar-se...

Vou vagueando sozinha... aliás como todos os dias e noites da minha existência... sou aquilo a que a minha espécie chama de Soldado Exploratório. A minha missão é simples... viver em busca do bem mais precioso que nós formigas podemos ter... o açúcar.

Desde que nasci que sei que estou destinada a viver assim... sozinha...

De tempos a tempos volto a casa... nem sei se posso chamar-lhe casa, passo a maior parte do tempo fora. Às vezes até me sinto um intruso... parece que já não pertenço ali... sou uma pessoa estranha, já não conheço ninguém.
Já lá voltei vezes sem conta... e a sensação é sempre a mesma... não me habituo à ideia. Ninguém parece reconhecer a minha importancia. Posso parecer egoísta, mas é o que eu sinto... Bolas! Eu é que encontro o "ouro branco" e depois vêm os Soldados Transportadores e levam-no de volta a casa. Já estão a imaginar quem é levado em ombros e acarinhado quando chega a casa com montes e montes de "ouro branco"...

E EU?!

Enfim... só uma coisa me deixa feliz... Eu sei! Sei quem sou e sei porque existo...

(continua)